16 de setembro de 2015

Nota final, com amor 

Deixando o felizmente ou infelizmente e o depressa ou devagar de lado, começou mais um ano letivo, um ano de aprendizagem!
No ano passado trabalhou-se bastante, houve quem conseguisse conciliar tudo, houve quem entrasse em parafuso. De 0 a 20 classificou-se o inclassificável e vamos acreditar que o esforço valeu a pena. Mas bem sabemos que não só de estudo se faz a escola e é ao que se aprende no extra-aulas que se dá mais valor.
Pelas mãos de diferentes grupos ocorreram as mais variadas coisas, improvisou-se em teatro e expuseram-se obras de várias artes, melhor ou pior fez-se jornalismo e com orgulho trabalhou-se a política. Jogou-se, brincando ou competindo, viajou-se, cansando e divertindo.
As pessoas mudam a cada ano e cada ano é diferente, a cada ano se fazem coisas novas, levando a que a cada ano se celebrem coisas novas Assim se vai escrevendo a história.
Alguns chegaram agora, outros já cá andam há tempo demais... A todos os que cá ficam uma boa estadia! Aproveitem tudo o que a escola tem para oferecer e nunca se acanhem em oferecer algo mais à escola.
Se não acontecer tudo como planeado, também não desesperemos, se as coisas corressem sempre bem não havia aventuras nem filmes para as contar!
Da nossa parte damos a missão por cumprida, esperamos do fundo do coração que haja na ESFRL mais um cambada como nós, nem é preciso ser uma cambada extraordinária, apenas um grupo com vontade de escrever umas linhas.
Os melhores cumprimentos,

Equipa NA BOCA DO LOBO 2014/15

11 de junho de 2015


David Rosa, o "pastorinho olímpico" de Cross Country

Falamos de David Rosa, o primeiro atleta de sempre a representar o país na modalidade de Cross Country Olímpico, nos Jogos Olímpicos de 2012. Natural de Fátima, não é um milagre,mas já alcançou resultados que no âmbito no panorama nacional e internacional, se parecem com autenticos milagres! "Milagres" estes que são fruto do seu trabalho e persistência! Na boca do Lobo esteve à conversa com o "Pastorinho Olímpico". :)

Atleta em competição


Na Boca do Lobo (NBL) Com que idade e como aprendeste a andar de bicicleta?


David Rosa (DV) Aprendi quando tinha 3/4 anos em frente à loja da minha mãe. Lembro-me bem da bicicleta e de usar as rodinhas de lado.  


NBL Qual o momento que marca o teu início no mundo do XCO?


DV A primeira prova que fiz foi em 2001, na Taça de Portugal na Benedita. Foi um grande choque pois não esperava que as provas começassem de uma forma tão violenta, estava habituado a ver os arranques das provas de ciclismo de estrada na televisão em que é tudo muito mais calmo. Ainda para mais meti-me logo na Taça de Portugal com os melhores do país... não sabia ao que ia nem de perto nem de longe.


NBL Quando começaste já sabias ao nível a que querias chegar?


DV Sabia que queria ser bom, mas comecei por traçar objectivos a curto prazo: vencer uma prova (fosse qual fosse), depois fazer pódio numa Taça de Portugal, ser chamado à Selecção Nacional, depois vencer a Taça de Portugal e ser Campeão Nacional, ir aos Jogos Olímpicos, etc. Ou seja, queria atingir um patamar, depois apontar a outro superior.


NBL Até chegares à universidade foi fácil conciliar treinos e estudos? Como foi ?


DV Não mesmo. Quando tinha aulas só às 9h30 acordava às 6h15 e às 7h já estava a treinar antes das aulas, depois, chegando a casa às 9h fazia tudo a correr para chegar a horas. Depois das aulas voltava a treinar, à noite, com um colete reflector. Não foi nada fácil, de vez em quando adormecia nas aulas e queria entrar na Faculdade. Para ajudar, não tinha estatuto de alta competição, por isso precisava mesmo de média para entrar onde queria. Mas o mais difícil foi depois de entrar na Faculdade, demorei 2 anos a “acertar” com as rotinas.  


NBL Quando e de que forma surgiu o sonho de ires aos Jogos Olímpicos?


DV Surgiu em 2009, quando subi ao escalão Elite. Era algo que nunca tinha sido atingido antes, e isso motivou-me. Foi mais uma vez um ano complicado pois estava no último ano da faculdade e em estágio pedagógico. A parte inicial do ano não foi fácil (cheguei a faltar a uma pova da Taça de Portugal pois tinha muito trabalho do estágio a fazer) mas a partir de Maio já estava melhor e venci o Campeonato Nacional de XCO e o de Rampa (foi a primeira edição do mesmo) e algumas etapas da Taça de Portugal. Assim, com estes resultados, quis apontar para a Qualificação Olímpica, embora fosse um sonho bem distante na altura.


NBL Melhor recordação até hoje da tua vida desportiva?


DV São bastantes, mas a prova dos Jogos Olímpicos em si. O dar uma volta no percurso umas horas antes e já estarem milhares de pessoas no percurso aos gritos, a chamada para a linha de partida e toda a adrenalina... assim como chegar completamente esgotado que era o meu objectivo: o de dar simplesmente tudo, sem arrependimentos quanto à minha entrega na estreia de Portugal no maior evento desportivo do Mundo.


Participação nos Jogos Olímpicos, Londres 2012



NBL Pior recordação?

DV A queda que tive nos Jogos Olímpicos hipotecou um resultado melhor, possivelmente um top15. Está quase a par de quando no ano passado seguia no top10 da Taça do Mundo nos Estados Unidos e furei. Esta posso dizer que é a minha pior recordação, tive insónias durante uma semana.


Participação na Taça do Mundo, Bélgica 2015



NBL E Resultados?


DV Consegui o 23º lugar nos Jogos Olímpicos de Londres
Atualmente o 12º Melhor português de sempre no Ranking Mundial
29º Melhor português de sempre em Campeonatos Mundiais
14º Melhor português de sempre em Taças do Mundo
19º Melhor português de sempre em Campeonatos Europeus
Fui 5 vezes Campeão Nacional de XCO Elite (2009, 2010, 2011, 2012, 2014) e 2 vezes Campeão Nacional de Rampa Elite (2009, 2010)
Campeão Nacional Sub23 em 2007
5 vezes Vencedor da Taça de Portugal de XCO (2004 Júnior, 2007 e 2008 Sub23, 2013 e 2014 Elite)
Vários pódios em Portugal, Espanha, Inglaterra, Bélgica, Turquia, Brazil, Austrália.
Vencedor do Troféu Mountain X-Bike 2009
e Vencedor do Troféu Maxxis Cup 2004





NBL Pela tua experiência acumulada, que conselho darias aos jovens ciclistas?


DV Em primeiro lugar que se divirtam com a bicicleta, é muito importante. Em segundo lugar, que conciliem os estudos com a actividade desportiva. Por último, que tenham um treinador que não os coloque a treinar demasiado e demasiado cedo.


NBL Sabemos que para além de seres um atleta excepcional, és mestre em Educação física.  Consideras que a prática de desporto nas escolas, contribui para a formação dos jovens?


DV Claro que sim, até acho que face aos problemas de hábitos sedentários e obesidade que enfrentamos o número de horas de Educação Física deveria ser aumentado. Além disso, há inúmeros estudos que provam que a actividade física tem uma influência positiva no sucesso académico e cognitivo.  



Na boca do Lobo, agradece ao David a disponibilidade para responder às nossas questões, e deseja-lhe sorte para este novo ciclo de qualificação olímpica! Nomeadamente para a próxima prova, que será nos Jogos Europeus de Baku, no próximo sabádo, pelas 11.30, e que será transmitida pela Sportv 3.


Deixamos também a página do facebook do David Rosa: https://www.facebook.com/DavidRosaXCO?fref=ts

9 de maio de 2015

Eventos futuros


O "VI Fórum Emprego e Formação" consiste na mostra da oferta formativa da nossa região bem como de outros pontos do país e de empresas e instituições com vagas para oferecer, como a McDonald’s e o Instituto do Emprego e Formação ProfissionalUma ótima oportunidade para os jovens que pretendam prosseguir estudos ou ingressar no mundo do trabalho. Haverá também animação permanente durante o decorrer do evento. Este é promovido pelo Região de Leiria e realiza-se de 11 a 13 de Maio no Estádio Municipal, porta 2. A entrada é livre e a porta estará aberta entre as 9:30h e as 17:00h. Consulta o sítio do Região de Leiria para mais informações sobre os stands presentes e a notícia sobre a edição anterior.

De cariz semelhante, realiza-se também no átrio da ESFRL uma mostra de universidades. Para os interessados e além da mostra, irão realizar-se workshops e mostras específicas que carecem de inscrição prévia entre as 10:30h e as 13:20. Ao contrário do VI Fórum Emprego e Formação, esta é uma atividade que apenas se realizará num dia, a 18 de maio, segunda-feira. É também uma boa oportunidade para os alunos que pretendam entrar na universidade, por isso informem-se e não deixem de participar.

No dia 14 há ainda um evento dinamizado pela APEE-ESFRL e IPLeiria em que serão abordadas várias temáticas relacionadas com o Ensino Superior. Realiza-se na Biblioteca José Saramago (Campus da ESTG) pelas 21:00h e, apesar de aberto ao público em geral, é dirigido especialmente aos alunos e pais de alunos que frequentem o 12º ano, dado ao tema em questão. O programa encontra-se na imagem abaixo e podes também consultar o sítio da APEE-ESFRL


8 de maio de 2015

António Maduro: dá-nos uma perspetiva diferente

No seguimento da apresentação do livro “Cister em Alcobaça”, estivemos o pouco à conversa com o autor e professor António Maduro. 



(da esquerda para a direita) 
António Maduro, Rui Rasquilho e Eduardo Gonçalves
 Apresentação do livro “Cister em Alcobaça”, 17/01/2015


Na Boca do Lobo (NBL) Como surgiu a ideia de escrever um livro e porquê sobre a Cister?

António Maduro (AM) Este livro que saiu é a publicação da minha tese de doutoramento. Portanto, eu defendi a tese de doutoramento em 2007 e o livro saiu em 2011 e agora houve uma reapresentação do livro na minha terra, onde ainda não tinha havido. Porquê a Cister? Precisamente porque eu estudei a ordem “cistersian” no seu final de vida, ou seja, finais do século XVII, XVIII e XIX. O objeto de estudo é a economia, sobretudo, a seculogia, sociedade, que foi o que eu trabalhei.

NBL Foi difícil conciliar a escola, o ensino, com a escrita?

AM Eu estive quatro anos como bolseiro do Ministério da Educação e portanto só quando entrei aqui, nesta escola, pelo primeiro ano é que terminei a tese e o processo de escrita, fiz depois a sua defesa.           

NBL Sente alguma coisa de diferente, agora com o livro já publicado? O facto de ter o nome em alguma coisa é um momento de concretização.

AM Não. Sabem que este não foi o meu primeiro livro. Eu sou professor no secundário, mas sou investigador de algumas universidades, estou, digamos, com a minha perninha principal cá, mas depois sou investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e da Universidade de Coimbra e é normal que vá publicando. Tese de doutoramento não, isso só se faz uma vez na vida, até porque envelhece muito uma pessoa. *risos*

NBL Ao trabalhar nessas instituições já o levou a pensar nalgum projeto, ou seja, o próximo livro?

AM Próximo livro? Eu trabalho muito em equipa com outros investigadores, de momento colaboro no Dicionário Português por exemplo. Estou também a escrever um livro em coletivo sobre viagens, estrangeiros que visitaram o país e a sua opinião sobre os portugueses, o que é um assunto bastante dinâmico. E depois investigo, sobretudo centrando-me na história agrária, essencialmente sobre a história do vinho, não é um assunto que interessa a muita gente mas tem, sobretudo, muito peso a nível dos investigadores do norte do país.

NBL E de que forma a escrita contribui para a sua formação pessoal e profissional?


AM Como hei-de dizer… É sobretudo uma realização pessoal. Nós não vamos aplicar o conhecimento que temos, quer dizer, ele é importante para termos uma nova perspetiva e uma nova abordagem da história, mas não posso verter esses conhecimentos “hiperdesenvolvidos” no ensino. Permite-me apenas uma nova perspetiva histórica e uma perspetiva de conhecimento diferente.

Discurso no jantar comemorativo dos 
80 Anos da Cooperativa Agrícola de Alcobaça


NBL Que conselho dá a quem pretende escrever um livro?

AM Sabem, primeiro para escrever é preciso ter um interesse, ter um objeto de estudo e, portanto, imaginando, vocês vão fazer uma licenciatura todos contentes e felizes e depois vão ter que eleger um tema para uma tese de mestrado, então vocês necessitam de um chamado grande problema de investigação, um problema já identificado, e vão ver toda a literatura, o já produzido sobre aquele assunto, depois de terem esse conhecimento básico, vão criar o tal grande problema de investigação, depois, e a partir desse problema de investigação, criam-se vários outros objetivos. Tendo isso presente, vocês vão começar o processo de investigação. Acontece muitas vezes que a vossa procura não vos dá a resposta pretendida mas a resposta a outras questões, então a tese está sempre a ser rescrita. Por isso se diz que uma tese é dialética.

NBL Falando agora sobre a experiência pessoal, acha que em Portugal há apoio às artes e à cultura? Teve apoios na publicação dos seus livros?

AM São coisas que mudam muito conforme as oportunidades que nós temos. O Estado preocupa-se pouco. Ultimamente temos um grande “desinvestimento” na cultura e nomeadamente nas áreas das ciências sociais e humanas que são muito desprezadas. As unidades de investigação no nosso país, que são apoiadas pela Fundação das Ciências e Tecnologia sofreram, este ano, uma grande eclosão, aliás houve muitas que desapareceram. Atualmente há um grande retrocesso a nível geral e o nosso país tem um atraso cultural muito grande. Não existem apoios específicos e a cultura é um “parente pobre”, por isso mesmo é que não há Ministério da Cultura.

NBL Qual é, para si, a importância do jornalismo e da comunicação social, no geral, no sentido de apoio, transmissão e divulgação das iniciativas na sociedade?

AM Acho muito significativo, desde que os jornalistas consigam ser isentos, o que nem sempre acontece também pela espécie de censura dentro do próprio jornal. Necessitam ainda de princípios éticos e morais, sobretudo de uma boa formação. Para poderem fazer perguntas mais substantivas, e não o que se nota muitas vezes no nosso jornalismo mediático, que é só para o acontecimento, quando o que é necessário é de facto formar uma boa geração de bons jornalistas e ao mesmo tempo dar-lhes uma oportunidade de trabalho. E nós sabemos que hoje em dia, isso significa que alguém na nossa geração vai ser altamente penalizado.

Terminamos com um agradecimento especial a todos os entrevistados nesta semana e de novo as felicitações à nossa escola por mais um ano de ensino. A todos os que nos leram, também um obrigado e estudem, que os exames estão perto!

7 de maio de 2015

Thomas Santos: primeiro é preciso sonhar

É apenas um rapaz do 12º ano que sonha. Num país em que, e a opinião é homogénea, as artes não são apoiadas, o testemunho de alguém que como tantos outros, tenta suceder na área do teatro. 

"O crime do Padre Amaro"


Na Boca do Lobo (NBL) Digamos que esta não é uma área tão comum como o futebol ou mesmo a música, porquê o teatro?

Thomas Santos (TS) Bem para começar, com teatro podes fazer mil e uma coisas (desde representar, dançar, cantar, ser investigador, dramaturgo, encenador, animador sociocultural,…), este é o principal fator. De seguida, como teatro é uma das áreas que estudei mais tempo, embora já tenha feito outros trabalhos\estudos em áreas distintas (dança, nomeadamente hip-hop e música, guitarra e canto), esta foi sempre a área que “puxou” mais de mim, pois é necessário entregar o corpo e alma a cada personagem, dando isto um certo gozo, apesar de muitas vezes acabares por ficar de tal forma agarrado à personagem que te custa voltar à tua própria pessoa. Um dos outros factores foi o facto de estar há quatro anos a participar em concursos de teatro e num dos anos ter ganho,o que ainda me fez apaixonar mais pela arte de representar, por fim como diz o ator António Fonseca, ”Um ator nunca deixa de ser ator”, isto simboliza que nós somos sempre atores, mesmo quando somos pessoas.

NBL Em que medida é que achas que te ajuda na tua vida pessoal e escolar?

TS O teatro ajuda-me bastante a nível pessoal, visto que surge como uma fonte de distracção no sentido de que “desligo” por umas horas do que se passa lá fora, pois estou de tal forma focado no que se está a passar em cena, que tento não pensar em mais nada, apenas tenho atenção em ser alguém através de palavras, alguém que consegue ver um mundo que muitos não viriam, dar sentimentos e exprimir emoções daí se designar de “personagem”. A nível escolar, ajuda me na realização de apresentações orais, pois como o teatro exige muita criatividade, expressividade e sobretudo um à vontade, na exposição faz com que encare os meus colegas, não como colegas, mas sim como uma plateia à qual o objectivo é transmitir a mensagem que trago preparada e agradar. Isto torna-se vantajoso no final, visto que são factores que determinam a avaliação.

NBL Pretendes seguir esta área no futuro? 

TS Sim, esse é um dos meus objectivos, conseguir tirar o curso de teatro e ir trabalhar para fora, poderá apenas ser um sonho, mas a verdade é que em primeiro é preciso sonhar para depois concretizar, por exemplo, à cerca de dois anos atrás sonhava estar em palco com uma peça escrita e interpretada por mim, e hoje o que começou por ser um sonho tornou-se realidade, mas foi preciso acreditar e trabalhar, porque também sem esforço nunca (ou raramente) se consegue obter algo.

NBL E porquê?

TS Porquê... Porque para quem não sabe eu sou uma pessoa que adora estar em movimento, logo nunca daria para ser advogado ou até mesmo secretário, o que não significa que não os admire, mas desde pequeno que gosto de palcos, de luzes, de sentir aquele nervosismo quando se aproxima a altura de entrar em palco. Se fosse pelos meus pais provavelmente nunca seria ator, era ou médico ou advogado, mas ambos sabem que isto já não é um sonho, mas a realidade. A minha mãe já aceitou a minha decisão, contudo o meu pai ainda tem a esperança que desista da ideia, a questão que lhes faço é “és tu que vais trabalhar por mim?“ Basta esta pergunta para perceberem a minha escolha.

NBL Pedimos agora a tua opinião, achas que a cultura e as novas iniciativas em Portugal são de alguma forma apoiadas?

TS Para ser sincero, até que não acho que sejam apoiadas, dado o facto de que quando abrimos um jornal, o que vamos encontrar com mais frequência são artigos sobre futebol, não é que seja contra, muito pelo contrário até que apoio, mas também era preciso haver mais notícias sobre dança, teatro e música, pois são através destes meios que podemos retirar algo que nos complete e que nos instrua para nos tornarmos cidadãos cultos, com sabedoria e conhecimento. É desta forma que acho que o nosso país se torna retrógrado em relação a outros.

"Só há uma vida e nela quero ter tempo para construir-me"


NBL Qual é a importância do jornalismo e da comunicação social, no sentido de apoio à 
divulgação das iniciativas?

TS A importância do meios de comunicação pode ser extremamente grande, pois é através destes que conseguimos “atrair” o público alvo para passar uma ou que seja duas horas distantes dos problemas do mundo. Em relação ao apoio, sim são um elemento fundamental, pois através dos mesmos conseguimos ser reconhecidos, não pelas pessoas que somos, mas pelo trabalho que desempenhamos e do qual queremos ser de alguma forma reconhecidos, isto não acontece somente nas artes, mas em todas as áreas. Apesar de ultimamente não serem muito visíveis, pois não podemos dizer que as artes são áreas apoiadas. Muita gente acha que as artes não são uma profissão, mas sim que são apenas meras ilusões, é necessário demonstrar o seu valor, e nós como a nova geração, temos o dever de as promover e apoia-las ao máximo. 

6 de maio de 2015

Sara Brito: a identidade secreta

21ª Maratona de Badajoz 2013, 17 de Março

O jornal Na Boca do Lobo agradece a colaboração da professora Sara Brito e deseja-lhe os melhores resultados no futuro.

NBL O gosto pelo desporto já vem desde pequena? Se não, como surgiu?

SB Sim, desde pequenina que gosto de praticar desporto. Só que eu vivia numa aldeia muito longe da cidade e, portanto, para praticar desporto tinha que me levantar, às vezes às seis e cinco da manhã para arrumar o meu quarto e limpar a casa para depois poder ir praticar ginástica acrobática, andebol, etc. Sempre participei também em muitas actividades do desporto escolar
Depois fui para a faculdade de desporto, tirei o curso, casei, tive filhas e portanto o desporto “profissional” nunca surgiu.
Há 4 ou 5 anos, por brincadeira, comecei a correr. Entretanto alguém de um clube perguntou-me se não queria fazer parte do seu clube. Por brincadeira entrei, foram surgindo diferentes objectivos e agora são desafios quase todos os fins-de-semana.

NBL Escolheu o atletismo por algum motivo em especial?

SB Não, aliás sou sincera. Apesar de quando era pequena ter participado nos corta-matos escolares, como muitos alunos me dizem, nunca gostei de correr. Sempre gostei mais de desportos colectivos
Foi desde que entrei para o clube que comecei a ganhar gosto pela modalidade pois, além de ser um desporto muito prático e completo, começaram a surgir objetivos.
Depois, foi também esta nova modalidade: o trail. Lembro-me que acabei por ser uma das pioneiras. Como reúne natureza, uma parte recreativa e competição acabei por gostar.

NBL Qual o resultado mais importante que já alcançou na sua carreira? E como se sentiu ao atingi-lo?

SB Foi precisamente esta maratona. Primeiro porque foi a primeira vez que treinei com um plano de treino. E não só cumpri aquilo a que me tinha predisposto como superei as expectativas porque fiz melhor tempo e ganhei a maratona a todos os atletas que lá estavam.
A primeira maratona que fiz também me marcou bastante porque, lá está, é a prova rainha. Uma pessoa quando faz uma maratona é sempre algo de especial.

NBL Alguma vez pensou que iria estar a competir a este nível?

SB Não, nunca. Aliás, quando ganhei a maratona em 2013 (foi a segunda maratona que fiz), no dia em que fiz anos, eu ia a correr e a pensar que aquilo parecia um sonho. Lembro.me de estar a treinar para a maratona, gostei de treinar e ia com um objetivo definido. Mas nunca me passou pela cabeça que alguma vez iria ganhar.
E realmente acho que foi uma experiência única que me vai marcar para o resto da vida

NBL É difícil conciliar a vida profissional, o atletismo e a vida familiar?

SB É difícil, mas se formos organizados conseguimos fazer tudo. A questão é, como dou aulas aqui, tenho duas filhas na adolescência (uma fase muito complicada!) e a lida da casa, quando vou pôr uma à ginástica ou uma à explicação aproveito aquele bocadinho para treinar. Ou quando tenho um furo, às vezes já vou equipada para determinados sítios. Outras vezes venho da corrida, estou a fazer o jantar e com a perna em cima da bancada a fazer alongamentos para aproveitar o tempo todo (risos). De maneira que fácil não é mas com organização, método e perseverança é possível.
Ás vezes penso “ah se calhar deixava isto para estar um bocado mais liberta” mas sei que depois me vai faltar qualquer coisa e acabava por arranjar outra coisa qualquer. Portanto, enquanto for tendo estes resultados e estes objetivos vou fazendo provas mais curtas. À medida que vá ficando cada vez mais velha se calhar vou passar a fazer provas mais longas.

"Dorsal Dourado", Época 2012/2013


NBL E quais os objetivos para esta época?

SB Este ano estou a disputar o Circuito Nacional de Montanha (o ano passado fiquei em 2º do geral e 1ª do meu escalão). São provas que são do Norte ao Sul do país e que vão desde os 8km aos 42km. O objetivo é ganhar novamente o meu escalão e manter o 2º lugar (em que já me encontro).
Visto que já fiz marcas da maratona, gostava também de fazer uma meia maratona mesmo para tirar tempo.
Estou ainda a disputar o Campeonato do Calcário, em que também estou em primeiro lugar.

NBL Se pudesse viver unicamente do atletismo faria essa escolha?

SB Não não, isso não. Não é porque não goste. Em primeiro porque sei que são carreiras curtas e depois a pessoa fica condicionada e de mãos cortadas, além de que no nosso país isso não é possível. Para além de que o nosso organismo não comporta muitos anos em alta competição. Em segundo porque também gosto de dar aulas. Acho que como complemento é bom.
Se fosse mais novinha, lá está, teria de ser uma coisa muito bem pensada porque depois as carreiras acabam e uma pessoa tem que ter uma base para andar uns anos a usufruir só do atletismo e depois, quando acabar a carreira, poder ter a sua independência.

NBL Como professora de educação física, de que forma prática do desporto nas escolas contribui para a formação dos jovens?

SB Eu acho que é extremamente importante. Acho que a educação física, tal como a matemática e o português é uma disciplina que acompanha o desenvolvimento dos alunos desde a escola primária. É um veículo privilegiado para os alunos adquirirem uma quantidade de capacidades e aptidões psicomotoras e a nível de sociabilização além de que desenvolve também o espírito desportivo, a cooperação, o espírito de entreajuda sendo estas um conjunto de competências que um dia mais tarde vão ser necessárias, seja em que profissão for.
E apesar de no nosso país não se dar muita importância, é uma disciplina que na minha opinião deveria ser mais valorizada. Lutou-se durante anos e anos para que a disciplina contasse para a média para agora, passado 8 anos a retirarem sem uma explicação válida. E tenho muita pena por isso pois isto acaba por fazer com que alguns alunos não se esforcem. Mas pode ser que isto um dia mude.

NBL Na sua opinião pessoal, considera o jornalismo e a comunicação social (em geral) um importante meio para divulgação e desenvolvimento de iniciativas culturais no nosso país?

SB Considero pois. Apesar de agora se dar mais ênfase às redes sociais, eu penso que o jornal é sempre um veículo privilegiado para a divulgação de eventos e feitos. Claro que depois há as revistas cor-de-rosa, mas sem dúvida que acho muito importante.
E acho muito interessante esta vossa iniciativa de estarem a tentarem dinamizar o jornal da escola.

NBL Para concluir esta entrevista, considera que áreas como o desporto e a cultura são valorizados no nosso país ou sente-se alguma falta de apoio e talvez mesmo desinteresse?

SB Desde sempre que achamos que o desporto não é apoiado como deve de ser. As coisas não estão organizadas de forma a apoiar os escalões mais jovens, que é onde eu acho que havia de haver maior investimento.
Acho também que a captação nas escolas devia ser também mais aproveitada, apesar de os professores já fazerem isso.
Portanto acho que deveria haver um maior apoio, não só ao desporto mas também a outras áreas como a música, artes, etc (apesar apesar de já ter havido alguns avanços)

5 de maio de 2015

Timur Palamaryuk: uma experiência enriquecedora

Campanha para a AE


Até hoje, todas as Associações de Estudantes da ESFRL, seguindo o exemplo do governo nacional e salvo raríssimas excepções, têm sido alvo de duras críticas por parte da comunidade escolar.
Falámos então com o Presidente da AE da nossa escola para tentar perceber como vai ser este ano.

Na Boca do Lobo (NBL) Porque quiseste concorrer para a Associação de Estudantes? 

Timur Palamaryuk (TP) Porque admirei o trabalho do presidente anterior e, como eu próprio gosto de organizar eventos e estar envolvido em atividades, sabia desde logo que me ia dar um certo prazer fazer parte da AE. Para além disso, acho que é uma experiência enriquecedora para um aluno.

NBL Como pensas que deve ser/agir uma Associação de estudantes? 

TP A meu ver, a AE deve agir tendo como objetivo procurar dar aos alunos aquilo que eles mais gostam (eventos desportivos, festas, algumas atividades escolares). Deve-se pensar sobretudo no seu bem-estar e, felizmente, temos conseguido, com a colaboração deles, proporcionar-lhes isso.

NBL As Associações de Estudantes dos anos anteriores raramente cumpriram os objetivos que anunciavam em campanha. Este ano está a ser diferente? 

TP Alguns dos nossos objetivos, como o das folhas de teste, o banco de apontamentos tiveram de ser cancelados porque não tiveram a aprovação da direção. Não sei até que ponto poderemos cumprir todos os objetivos, mas alguns estão a ser cumpridos e esperamos dar continuidade a isso.

NBL Apesar do ano lectivo já ir quase no fim, quais as perspectivas para este ano? 

TM Como se sabe, a AE atual tomou posse bastante tarde, já quase no 2º período, por isso não tivemos muito tempo para trabalhar. De qualquer das formas temos diversas atividades programadas. Esperamos fazer pelo menos dois torneios desportivos, duas festas para os alunos e o baile de finalistas, que este ano será no 3º período. Esperamos conseguir fazer pelo menos uma ação de voluntariado, que é um dos nossos objetivos e dar seguimento às atividades dos dias temáticos, como o Dia dos Namorados. Há outras atividades que temos em mente mas que não dependem só de nós, portanto estas são as principais.

NBL Como tem sido a relação entre os membros da Associação? 

TM A associação funciona em sintonia, a maioria de nós já se conhecia dos outros anos o que facilita o funcionamento da associação.

NBL Muitos alunos ainda desprezam o direito ao voto. Qual pensas ser a razão da elevada taxa de abstenção entre os alunos da ESFRL? 

TM Infelizmente este ano apenas cerca de um terço dos alunos votou, o que nos deixou um pouco tristes. Penso que dentro das condições que tivemos, tanto a nossa Lista como a adversária, fizemos um bom trabalho e fizemos o suficiente pelos alunos para que eles disponibilizem alguns minutos do seu intervalo para votar. Acho que a principal razão é mesmo falta de interesse por parte dos alunos e estou de consciência tranquila porque sei que fizemos o nosso melhor no apelo ao voto.

NBL Quais foram as maiores dificuldades que sentiram até ao momento? 

TP Foi muito difícil promover a viagem de finalistas tendo em conta que as campanhas eleitorais da nossa escola foram muito tardias comparado às outras escolas e as inscrições para a viagem estavam pouco a pouco a esgotar-se. Logo que tomámos posse trabalhámos muito nesse sentido, de informar o maior número de alunos possível sobre a viagem para que não ficasse ninguém sem saber da existência da mesma. Felizmente conseguimos isso e este ano houve mais inscrições do que no ano passado, o que só nos pode deixar satisfeitos.

NBL Torna-se difícil conciliar a AE com as tarefas escolares? 

TP Não é fácil, é verdade, a maioria de nós frequenta o 12º o que dificulta ainda mais a gestão do tempo. Apesar de termos menos aulas do que nos outros anos, o ensino superior está mais do que antes na nossa cabeça e precisamos do tempo livre para estudar. Ainda assim, com um pouco de esforço é possível conciliar os dois e temos conseguido.

NBL Consideras que a direcção da escola coopera com a AE? 

TP Creio que sim. Tivemos desde o planeamento das campanhas o apoio da direção, o que nos deu motivação para ir em frente. A meu ver a ESFRL conta com uma direção muito competente e acho que a escola funciona bem sobretudo graças a isso.

NBL Achas que pertencer à AE pode ser um ponto de partida para uma vida na política?

TM Não sei se pode ser um ponto de partida para uma vida política mas tenho a certeza que é uma experiência muito enriquecedora, em que se aprende muito e que pode ser bastante útil para qualquer aluno, sobretudo para aqueles que pretendem seguir os estudos.

4 de maio de 2015

Task Force: uma conversa sem limites, uma conversa sem cuecas



Na Boca do Lobo (NBL) Com tantas opções de atividades, porquê a música?

Mateus Carvalho (MC) Alguns de nós conhecemo-nos na SAMP, ou seja, ligados à música, e o resto acabou por se compor.

NBL Task Force significa "força com uma missão especial", porquê este nome?

Luis Ávila (LA) Na verdade não teve a ver com o significado em si, nós fizemos uma lista e, dentro das opções, este foi o que nos pareceu mais razoável...

MC Sim, tendo em conta que duas das opções era "Qual é a capital da Bolívia?" e "Nuclear WC", que era o nosso antigo nome, diria que até nem escolhemos mal *risos*

NBL Dirigindo-nos especificamente ao Jorge, perguntamos: Como te sentes, sendo a personagem principal do single da banda "O Jorge tem um bigode"?

*risos*
Jorge Reis (JR) Gosto do facto do meu bigode ser o single da banda!

MC Diz-nos, qual a importância do teu bigode na nossa vida?

JR *risos* Vocês é que sabem, a mim dá-me muito trabalho!

MC O bigode do Jorge é a nossa mascote e sobretudo simboliza o afeto que nós temos por ele, por isso ele tem uma música só dele e do seu bigode. *risos*

NBL Já existem há algum tempo e mais recentemente tem tido mais visibilidade, até com a criação de originais. Tem algum projeto definido a curto prazo?

MC Nós sempre criámos originais, mas tocamos com o intuito de nos divertirmos, e à medida que fomos crescendo as pessoas foram gostando do que fizemos e as coisas naturalmente tornaram-se mais sérias. Começámos então a criar mais originais e o que sentimos há algum tempo é que se calhar as coisas estagnaram, o que não é totalmente mau! Mas fomos sempre tocando as mesmas coisas e fazendo as mesmas coisas porque a pressão de ter um concerto daqui a uma semana ou duas nos faz estar só a tocar e a treinar para aquele concerto e não nos deixa evoluir, fazer outras coisas. Isto levou-nos precisamente a decidir que vamos parar durante uns meses, pelo menos até ao verão.

André Brites (AB) Claro, os compromissos que já tínhamos marcado, vamos mantê-los e a ideia não é fazer uma paragem para depois nos separarmos. Queremos continuar juntos! É simplesmente uma paragem em relação aos concertos, em relação ao que sai para fora. Pretendemos regressar em força no verão, quem sabe com um CD e um concerto para o apresentar. Precisamos de algum tempo para evoluir ou desenvolver o nosso som, para aquele espírito de criação, até com um pianista, com o qual vamos reativar a colaboração, e um novo guitarrista, Leandro Faustino, o que vai dar outra dimensão à nossa música.

NBL Como tem sido conciliar isto tudo com os estudos?

MC Penso que fácil, acho que nunca foi muito difícil porque sempre compreendemos quando é que há testes ou não.

AB Também porque estamos todos no mesmo ano, no 12º.

LA Por norma, nunca paramos portanto.

MC Não, nós nunca tivemos problemas com os estudos porque sabemos gerir o nosso tempo.

ESFRL 04/05/2015
"Festa dos Talentos"


NBL Estão então no 12º ano e a maioria de vós pensa ir para a universidade, acham que essa nova etapa vos pode, de alguma forma, afetar?

LA Não, não acho porque estamos quase todos a planear ir para Lisboa, à exceção do Jorge, mas ele já tem carta de condução, pelo que conseguirá reunir-se connosco para ensaiar.

MC Também porque parte dos planos da nossa universidade foram na base do "como é que nos vamos manter juntos".

NBL Passamos agora à pergunta mais séria desta entrevista, aquela porque todos esperavam, qual é a cor das vossas cuecas?

*risos*
MC Mas vocês querem mesmo saber? Não são cuecas, são boxers.

LA Aqui ninguém usa cuecas!

MC Mas são pretos, são boxers pretos.

NBL Pedimos agora a vossa opinião, acham que a cultura e as novas iniciativas em Portugal são de alguma forma apoiadas? Sentiram-se apoiados?

MC Não, a única que nos apoiou, e por isso merece uma grande menção, foi a associação cultural "Friendly Talents", que suportou o nosso concerto do Miguel Franco mas de resto, nunca tivemos apoio.

LA Apenas o José Peixoto do "Abre Latas", que acabou por nos dar o nosso primeiro grande concerto e foi só.

MC Já comentámos entre nós inclusive, que para projetos, seja na música ou na cultura em geral, as pessoas não estão muito abertas a novas coisas. Por exemplo, pessoas que querem tocar com alguma regularidade, tem que, não digo rebaixar, mas submeter a certas exigências que acabam por não valorizar aquilo em que estão a trabalhar. E ainda mais pelo facto de sermos todos adolescentes, as pessoas acabam por olhar para nós com alguma condescendência,

AB Até nos ouvirem a tocar! *risos*

Teatro Miguel Franco 21/11/2014 
Task Force & The First Movement Orchestra


NBL Que importância dão ao jornalismo e à comunicação social em geral no papel de apoiar e transmitir esses projetos e iniciativas?

LA Já aparecemos duas vezes no Jornal de Leiria, nomeadamente a quando de dois concertos, e demos muita importância a isso como é evidente, mas achamos que o destaque dado não é o suficiente para este tipo de eventos. Embora Leiria seja uma das cidades que mais promove a cultura.

MC Eu não diria que não é suficiente. Sendo sincero, uma das minhas escolhas para o prosseguimento de estudos foi precisamente jornalismo. Acho uma área bastante interessante mas que, sobretudo ultimamente, não tem sido bem representada, cada vez mais é feito com pouca seriedade e histórias deprimentes.